INRI- A Inscrição na Tabuleta da Cruz de Cristo
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Talvez não haja, no Mundo Cristão, uma inscrição mais divulgada do que a que se vê no topo dos crucifixo: INRI.
Esses caracteres são uma abreviação da frase latina “IESUS NAZARENUS REX IUDEORUM”, que significa “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”.
Era costume os romanos colocarem um pedaço de madeira, designado como “titulum crucis”, no topo da cruz, mostrando o motivo da condenação do crucificado.
O evangelho de S. João, relata que Pilatos fez afixar na cruz de Jesus uma tabuleta escrita em hebraico, grego e latim. Como esse evangelho foi escrito, originariamente em grego, a frase mencionada era
A tradução literal seria “Jesus, o Nazareu, o Rei dos Judeus”.
Na versão latina (IESUS NAZARENUS REX IUDEORUM) não constava o artigo definido, porquanto não existia artigo no idioma latino. Então a tradução literal do latim seria “Jesus Nazareno, Rei (dos) Judeus”.
Na igreja da Santa Cruz em Jerusalém, situada em Roma, no local que fora o palácio de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, encontra-se uma placa de nogueira com 25 x14 com 2,6 cm de espessura, pesando 687 g, com três linhas escritas: a primeira, em hebraico, quase totalmente destruída, a segunda em grego e a terceira em latim. Uma reprodução dos textos nos três idiomas seria:
Peculiaridade interessante é que as frases em latim e em grego estão escritas da direita para a esquerda, tal como se escrevem os textos em hebraico e o nome de Jesus está abreviado: I. (em latim) e IS (em grego).
É autêntica essa tabuleta?
Michael Hasemann, historiador alemão, submeteu essa relíquia ao exame de sete paleologistas que foram unânimes em afirmar que não encontraram nenhum indício de falsificação. Analisando os textos e o material, todos dataram a tabuleta dos séculos I a IV d.C.
Alguns estudiosos sugerem que a tabuleta foi uma falsificação feita na Idade Média, o que teria sido confirmado pela datação com radiocarbono.
A favor da autenticidade argumenta-se que:
1º) No grego original do Evangelho de S. João aparecem os artigos e a contração da preposição com o artigo (“o” Nazareno, “o” Rei e “dos” Judeus). Entretanto, na tabuleta, a frase em grego mostra o nome de Jesus abreviado (IS) e omite todos os artigos, o que confirma que o texto grego certamente foi escrito por um romano, pouco afeito ao uso do artigo, usado no grego, mas inexistente em Latim.
2º) Na tabuleta a palavra grega que corresponde a Nazareno é NAZARENUS, e não ‘NAZARAIOS” que aparece no Evangelho de S. João.
3º) No texto latino da tabuleta a palavra ‘Nazareno” é escrita como “NAZIRENUS” (com “i” ao invés de “a”, como no grego). No latim clássico escrevia-se com "i” e não com “a”. A forma latina “Nazarenus” (com “a” e não com “i”), só surgiu por volta do século IV ou V, quando o latim se tornou popular e era comum reproduzir as formas gregas.
4º) A escrita da direita para a esquerda sempre foi utilizada no hebraico e no aramaico, sendo incomum no grego e no latim. Entretanto, há antigas inscrições mostrando escritos gregos e latinos em sentido inverso. Além disso, é possível que Pilatos tenha escrito ou mandado escrever dessa forma, para facilitar a leitura pelos judeus, acostumados a ler da direita para a esquerda. Há exemplos de escritos gregos da direita para a esquerda, encontrados em na cidade de Éfeso.
5º) A datação por radiocarbono pode ser falha, porque se sabe que a tabuleta foi muito manuseada (inclusive por pessoas que arrancaram pequenas partículas para relíquia). Além disso, ficou exposta em igrejas cuja iluminação era feita com lamparinas (queimando óleo) e velas (queimando matérias orgânicas, como cera de abelha e gorduras). A exposição ao calor e ao frio, podem alterar os resultados.
O cientista Willard Libby, prêmio Nobel de 1960, descobridor do método carbono 14, afirmou que sem um mínimo de 10g de carbono puro, não é possível afirmar nada.
A revista SCIENCE (N. 22) em 1984 publicou um experiência feita com carbono 14 numa concha de caracol. O teste concluiu que o animal teria morrido há 25.000 anos, mas ele ainda estava vivo.
Ficam algumas indagações:
- Será que um falsificador na Idade Média iria escrever as frases grega e latina como se escreve no hebraico (da direita para a esquerda?
-Será que um cristão querendo inventar uma falsa relíquia não iria copiar exatamente o texto de S. João (usando os artigos e a palavra NAZIRAIOS) ao invés da palavra NAZARENUS e omitindo os artigo?
- Um imitador da Idade Média iria usar a palavra “Nazirenus” ao invés de “Nazarenus” usualmente utilizada?
Poder-se-ia dizer, como Giordano Bruno: “se non è vero è ben trovato”.